Agora é com você

Olá, amigos da Som Binário. Depois do tempo de digestão dos últimos artigos, chegou a hora de botar carvão na fornalha e seguir adiante.

A intenção do artigo de hoje é uma compilação de dicas para produtores que roda o mundo virtual afora. Eu sei, eu sei…  há muitas, pra dar e vender. Se você digitar dicas, vão aparecer às pencas.

Mas resolvi compilá-las, reescrevê-las, enxertando um pouco de conhecimento que eu tenho nessa área. Ou apenas traduzi-las, quando for algo novo para mim.

Outro ponto interessante (ou não) é que são dicas que eu mesmo me surpreendi de – às vezes – tê-las no inconsciente do nosso modus operandi dentro do home estúdio, mas nunca tê-las verbalizado, ou elaborado num processo descrito, metódico. Certamente, muitos devem ter essa ´coisa´ de fazer meio que incons-cientemente o que já foi elaborado em diversos artigos etc. E foi pensando nessa impressão mental, que cacei artigos que possam remontar a isso.

Enfim, uma leiturinha rápida… Nada que vá gerar um prêmio Pulitzer (risos).

hey ho let´s go

DAW limpa

mics700x252

 

Essa dica é um tanto conhecida.

Vai começar uma sessão? Abra as pistas, organize-as de acordo com a necessidade do projeto e esqueça tudo de plugins. Coloque na mente o seguinte: seus pulgins iniciais serão seus microfones e seus timbres.

Vi produtores já dizendo que movimentação de mics  tem um resultado 10x mais efetivo que ficar depois deslizando faders e knobs de vários plugins pra atingir o ´som´ que seu ouvido ditar para sua cabeçona.

Portanto, a velha história: não tenha preguiça de se abaixar, levantar, movimentar os mics, testar frequências, ambiências e tudo o mais pertinente ao mundo da captação.  Grave, escute, grave de novo, mude regulagens em amps se necessário, mude-os de lugar, mas não pule para os plugins como se fosse uma bóia em pleno naufrágio. Aprenda a nadar, dar braçadas gigantescas, no estilo peito, costas, borboleta e o crawl (tradicional).

Produtores que usam essa metodologia costumam se destacar mais do que aqueles que só pensam que vão achar sua sonoridade se tiverem tal plugin de não sei qual marca, ou aquele outro de não sei qual marca etc Sim, eles vão colorir um tanto, no processo final, mas, em termos gerais, prefira essa frase de referência, ´ Aquele produtor é foda, arrrancou um som da minha guita só com um amp bem regulado e mics bem posicionados. Nem precisou processar muito na mix´.

Considere usar automação de volume em vez de compressão

logicrelativelow.l

Falando em dicas novas, e que também envolve exatamente o desespero de se ter que usar plugins de qualquer maneira…

Compressão é uma ferramenta poderosa, e é extremamente importante que você saiba muito bem como usá-la. Mas pode haver momentos em que apenas a automação de volumes pode ser mais efetiva que a inserção dessa ferramenta. Se você tiver picos altos em sua mix, compressão pode consertá-los – assim como pode uma leve redução clip gain. 

Taí, uma dica que pode gerar dezenas de controvérsias. Mas custa experimentar? No fundo, ela remete bem à dica anterior, tipo, imagine que você conseguiu captar um som espetacular… vale a pena ´carcar´ plugins pra corrigir pequenas incorreções?

Feche seus olhos, abra seus ouvidos

blind samurai

 

Muito se foi aprimorado em termos visuais no mundo da produção digital. Dio mio, os designs das DAWS, aqueles plugins de aspecto retrô, aspectos ultramodernos, cores, knobs, faders, gráficos, texturas… tudo isso é ´pornografia´ para os olhos dos produtores (risos).

Mas, sério agora, mutherfuckers…  O sentido da visão toma prioridade no dia a dia do ser humano. E a audição entra em segundo lugar. E o que isso quer dizer?

Seguinte, pratique isso: quando estiver analisando sua mixagem, esqueça a visão. Feche os olhos, concentre-se somente com os ouvidos. Faça a audição tomar o primeiro lugar. E é sério, mesmo. Coloque uma venda se precisar e escute o som, o trecho algumas vezes, desencane de olhar em qual plugin já ir metendo a mão. Relaxe, escute o som, crie o pensamento do que será necessário fazer para se aproximar do que você quer escutar.

Tape esses olhos, criatura! Relaxa… escute com calma e atenção. Só depois modifique.

Procure críticas negativas

big

 

Mais uma que eu gostei…

Sim, você leu corretamente. E leia mais uma vez, antes de prosseguir aqui.

Todos nós sabemos o bem enorme que faz para o ego receber críticas positivas. Mas esqueça somente esse lado da moeda. Selecione um grupo de amigos (que entendam de produção, claro), e dê-lhes autorização pra descer a lenha na sua mix. É doloroso, eu sei. Mas não serão as críticas positivas que farão você refletir sobre o que poderia estar fazendo diferente. E outra: a imersão num projeto, sempre será parcialmente julgada pelo seu autor. Essa é uma prática muito comum, na verdade. Ter uns fiéis escudeiros que estão autorizados a dizer o que os incomodam nos trabalhos realizados de várias vertentes artísticas. Ouça-os. Teste suas sugestões, use sem medo o modo salvar sessões distintas e escute as possíveis alterações.

Em vez sempre de perguntar, Gostou?, pergunte `O que você não gostou nesse som?´.

Bom, essa foi a estreia dessa coluna na Som Binário. Ela ocupará algumas lacunas de quando faltar tempo (e tem faltado, viu…) de produzir artigos mais longos e elaborados. Espero que tirem algum proveito… mesmo que discordando dessas dicas.

9 Comentários

  1. Mto bom o artigo… penso exatamente igual. Uma curiosidade: To montando um estudio e penso gravar com mesa de som, mas tem muita gente mandando eu gravar direto da placa e esquecer a mesa… Mas ai vem minha pergunta (teoria): Se ja posso entrar com um som bem proximo do que quero, pra usar menos plugins possiveis, pq eliminar a mesa??? Alguma dica???

  2. mesa é uma coisa e hards e softs periféricos são outra, a mesa te facilita roteamento de canais mas em função dos cabos te da perda de audio e ganho de ruído e lembre-se, cabos profissionais para uma mesa saem mais caros que a mesa as vezes, haahahah… fora que a qualidade da mesa conta muito, algumas já vem com bons periféricos (eqs, compressores, reverbs, etc..) instalados mas seu uso requer bastante experiência pois depois que vc gravou não tem como tirar o efeito do periférico.

  3. Marcelo Speditto Obrigado pelas dicas… no caso vc recomenda a gravar so pela placa de som? A minha no caso é a M-audio Ultra 8r.

  4. Zezinho Freitas , é´uma daquelas perguntas sem resposta, tipo o que é melhor: analógico ou digital… o melhor é o que faz um bom trabalho, agora uma coisa é certa, mesa ruim com cabo ruim é veneno. Não esqueça que o investimento pra se montar uma boa operação com mesa é razoável. Na minha humilde opinião talvez seja melhor vc tentar direto na placa pra ver o que rola primeiro. Mesa ajuda bastante pra gravar ao vivo, todo mundo tocando ao mesmo tempo (mesmo dentro do estudio). abx e boas mixes!

  5. Marcelo Speditto Obgado mais uma vez pela atenção e pelos conselhos… ouvi seu som e gostei demaissssss… Abs e até…

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